Vivemos em um mundo de contradições. A ciência e a tecnologia nos forneceram os conhecimentos e as ferramentas que nos abriram as portas para o progresso mas, como tudo, esse progresso tem as suas conseqüências que precisam ser melhor analisadas. Podemos ir de um lado a outro do planeta em poucas horas, trocamos informações em questões de segundos, erradicamos doenças e chegamos à Lua.
Se não fosse, entre tantas outras coisas, a pobreza, a desigualdade social, a exploração insensata dos recursos naturais, o stress e a falta de solidariedade, poderíamos dizer que tanto conhecimento e tecnologia nos levariam a um mundo perfeito. No entanto, essa não é a verdade!
Se não fosse, entre tantas outras coisas, a pobreza, a desigualdade social, a exploração insensata dos recursos naturais, o stress e a falta de solidariedade, poderíamos dizer que tanto conhecimento e tecnologia nos levariam a um mundo perfeito. No entanto, essa não é a verdade!
Nós, seres humanos, temos uma forma muito particular de nos relacionarmos com o nosso ambiente.
Os animais, de forma geral, usam os recursos da natureza na mesma maneira bruta como os encontram. Nós, na maioria das vezes, modificamos a forma original desses recursos, para então usá-los. O produto dessa modificação é, muitas vezes, uma ferramenta que facilita o nosso relacionamento com o ambiente em que vivemos, propiciando melhores condições de enfrentamento das várias adversidades que nos cercam.
Essa é provavelmente a razão pela qual nossa espécie ainda não se extinguiu, mas pode ser também a razão da sua extinção. Foram essas ferramentas que proporcionaram os requisitos necessários para que pudéssemos nos desenvolver e evoluir mesmo que, por muitas vezes, tenhamos enfrentado, ou convivido, com forças naturais muito maiores que a nossa própria. Em última análise, parece que deixamos de ser meros expectadores para sermos senhores do nosso meio.
A partir desse momento a nossa vida muda. A nossa maneira de agir e compreender o mundo à nossa volta muda. As ferramentas passam a ser quase uma extensão do nosso corpo – aspecto fundamental da nossa existência e sobrevivência – e propiciam novos meios de entender o mundo ao nosso redor.
Cada vez mais acumulamos conhecimentos que dão origem a novas ferramentas, num ciclo que parece não ter fim. Caminhamos, ao longo da história, fazendo ciência e tecnologia. Elas, por sua vez, vêm influenciando a forma como vivemos, definindo em nós e para nós novas formas de viver.
Cada vez mais acumulamos conhecimentos que dão origem a novas ferramentas, num ciclo que parece não ter fim. Caminhamos, ao longo da história, fazendo ciência e tecnologia. Elas, por sua vez, vêm influenciando a forma como vivemos, definindo em nós e para nós novas formas de viver.
Passamos, com a tecnologia, a viver numa natureza artificial. É uma troca mútua, o meio modificando a relação entre os homens e os homens modificando o meio em que vivem. O que não se percebe é que uma tecnologia específica sempre há de moldar a realidade humana de maneira igualmente específica. Ela é parte de nós. É algo de que não podemos abrir mão, de tão dependentes que dela somos.
Várias e rápidas foram às transformações pelas quais passamos. A forma como nos
relacionamos com o mundo mudou, as sociedades mudaram, mas o planeta em que vivemos ainda é o mesmo. Mudanças tão rápidas que, ironicamente, não somos mais aqueles que têm que se adaptar ao ambiente.
Hoje, infelizmente, é o ambiente que tenta se adaptar à nossa presença.
Hoje, infelizmente, é o ambiente que tenta se adaptar à nossa presença.
Em algum momento dessa fantástica história, no entanto, o fascínio da tecnologia e do conhecimento nos cega. Passamos a idolatrar a tecnologia de maneira a acreditar que os benefícios compensam os malefícios. Por algum motivo aceitamos as conseqüências como se elas fossem um mal necessário.
RENATA DE ABREU MORAIS
GRAZIELE SOUZA COSTA